Prevenção das doenças respiratórias em eqüinos - Artigos - Bis Vídeo - Vaquejadas

ARTIGOS

Prevenção das doenças respiratórias em eqüinos

Na apresentação, o autor afirma que a maioria das doenças respiratórias infecciosas dos eqüinos são altamente contagiosas e de origem viral. Portanto, não se dispõe de um tratamento verdadeiramente específico. O seu controle baseia-se em medidas de profilaxia médica e sanitária.
    Em algumas doenças, como no garrotilho, o uso de vacinas específicas é bastante controverso, devido à sua baixa eficácia e principalmente às fortes reações locais e sistêmicas que provocam. Em outras, como na gripe e na rinopneumonite eqüinas, já existem vacinas eficazes e inócuas.
    No caso da gripe eqüina, as quebras de imunidade observadas em animais vacinados estão associadas à derivação antigênica das cepas do subtipo A Equi 2. No entanto, a eficácia de uma vacina contra a gripe não depende apenas da cepa do vírus A Equi 2 utilizada , mas do programa de vacinação estabelecido e de outros fatores associados à tecnologia de produção da vacina: massa viral antigênica (concentração de antígeno por dose), modo de preparação do vírus vacinal e adjuvantes utilizados.
    Na segunda parte deste trabalho o autor conclui a sua apresentação, discutindo vários aspectos relacionados com o controle da rinopneumonite eqüina.

PESQUISA
    Uma pesquisa realizada nos EUA, com 1.149 veterinários especializados em eqüinos, apurou que as doenças respiratórias infecciosas ocupam o segundo lugar entre as patologias, logo depois dos problemas digestivos, tais como cólicas. Na grande maioria dos casos, essas doenças respiratórias são altamente contagiosas e de origem virótica. Portanto, não se dispõe de um tratamento verdadeiramente específico. Conseqüentemente, é necessário lançar mão de métodos de profilaxia que protejam os indivíduos e os plantéis de eqüinos. As medidas sanitárias desempenham um papel de extrema importância na prevenção das doenças respiratórias, mas aqui, nos limitamos à profilaxia representada pela vacinação.
    Abordaremos, resumidamente, as doenças infecciosas sem vacinação ou com metodologia discutível e, em seguida, trataremos da prevenção contra gripes e herpesviroses.

GARROTILHO
    Causada pelo Streptococcus equi ?-hemolítico, essa doença respiratória e piogênica acomete basicamente eqüinos jovens. Outros microorganismos, como S. zooepidemicus ou S.pneumoniae, podem atuar como agentes complicadores dessa contaminação.
    Em geral, o garrotilho é decorrente de infecção virótica (gripe, rinopneumonite) ou estresse. Pelo que sabemos, não há vacina contra garrotilho na Europa. O uso de vacinas específicas é bastante controverso, devido à baixa eficácia e, principalmente, às fortes reações locais e sistêmicas que provocam.

GRIPE EQÜINA
    Todos os vírus da gripe eqüina pertencem ao grupo A dos Ortomixovírus.
    Nessa espécie encontram-se ainda dois subtipos diferentes:

· Vírus A Equi 1 Praga 56 ou H7 N7
· Vírus A Equi 2 Miami 63 ou H3 N8

     Enquanto o subtipo A Equi 1, isolado pela primeira vez em Praga (1956), não sofre variações antigênicas e provoca imunidade pós-infecção ou pós-vacinação duradoura, o subtipo A Equi 2, isolado pela primeira vez em Miami (1963), mostra-se pouco imunogênico e favorece alterações antigênicas (ou shift) nas seqüências de aminoácidos da neuraminidase ou da hemaglutinina.
    O vírus A Equi 2 passa por freqüentes variações antigênicas que fazem com que os vírus atualmente isolados apresentem uma semelhança antigênica cada vez menor com o vírus A Equi 2 original, isolado em Miami.
    Há mais de dez anos não há registro de isolamento do subtipo A Equi 1 em casos clínicos. Em compensação, as epizootias causadas pelo subtipo A Equi 2 ocorrem praticamente o ano todo, tanto na Europa como nos EUA.
    Segundo vários autores (L. Oxburgh, D. G. Powell, G.Livesay, T. M. Chambers), a mutação antigênica dos vírus A Equi 2 teria sido moderada até 1985 (é por isso que a cepa FRA 67 é muito semelhante antigenicamente à FON /79, KEN 81 e ABY/84), enquanto que, a partir dessa data, ela intensificou-se, o que poderia explicar por que em alguns países, mesmo em cavalos vacinados, foram observadas falhas de vacinas.
    Em outros países, entre os quais a França, a epizootia causada pela cepa SUF/89 na Inglaterra não provocou epizootia nos plantéis vacinados, ainda que vírus semelhantes tenham sido isolados em poucos focos, demonstrando assim a circulação do vírus.
    Na verdade, a escolha de uma vacina contra a gripe eqüina deve levar em conta inúmeros fatores:

· Massa viral antigênica

     A dose vacinal mínima deve ser da ordem de 15 microgramas de hemaglutinina da cepa viral utilizada. Doses aproximadas de 10 microgramas não garantem proteção suficiente e duradoura.

· Modo de preparação do vírus vacinal

     Em medicina humana, as vacinas fracionadas através do Tween-éter apresentam melhores resultados. O uso dessas vacinas fracionadas ou de subunidades virais apresenta duas vantagens específicas:
– clara diminuição das reações locais ou sistêmicas geralmente relacionadas com a presença da membrana lipídica do vírus que permanece nas vacinas inativadas não-fracionadas.
– aumento da resposta imunológica pós-vacinal.

ADJUVANTES
    A maioria das vacinas contra a gripe são adjuvadas com fosfato ou hidróxido de alumínio. Aparentemente, os veículos oleosos apresentam melhor resposta imunológica. São também utilizados novos adjuvantes, tais como os ISCOM ou os polímeros do ácido acrílico. Sua finalidade é melhorar a apresentação dos antígenos no sistema imunológico, intensificar a resposta imunológica, além de melhorar a tolerância local e sistêmica.

PROGRAMA DE VACINAÇÃO
    Vários estudos demonstraram que a qualidade da proteção vacinal está ligada ao número de imunizações recebidas.
    A diretoria técnica da Federação Francesa das Sociedades Hípicas recomenda a adoção de um programa de vacinação com pelo menos quatro doses antes da introdução do potro nos exercícios de treinamento e cinco doses antes de sua entrada no hipódromo.
    Graças a essas medidas e a uma taxa de vacinação elevada (450 mil doses utilizadas em 1994 para 250 mil a 300 mil cavalos de corrida e lazer), a gripe eqüina parece ter deixado de ser problema na França.

PROTOCOLO DE VACINAÇÃO
    Atualmente, o regulamento sobre corridas exige a primovacinação, com duas imunizações separadas por um intervalo de 21 a 92 dias, a primeira vacinação de reforço 180 a 215 dias após a primeira dose e para as de reforço posteriores, o intervalo entre duas doses não pode ultrapassar 365 dias.
    Na prática, o programa de vacinação mais utilizado é o seguinte:

a) Primovacinação: Duas doses com seis semanas de intervalo (parece apresentar resposta imunológica melhor do que com intervalo de quatro semanas) ministradas nos potros a partir dos quatro meses de idade. Antes dessa data, há o risco de inibir a ação da vacina pelos anticorpos de origem materna. Além disso, em éguas cuja vacinação de reforço é feita em algumas semanas antes do parto, a primovacinação dos potros deve ser realizada apenas aos seis meses de idade. A associação de vacinas (gripe + tétano) parece aumentar a resposta imunológica contra a gripe.

b) Primeira vacinação de reforço: Deve ser ministrada seis meses (180 dias) após a primeira dose da primovacinação.

c) Vacinações de reforço posteriores: No mínimo uma vez por ano. Geralmente os criadores e treinadores realizam vacinações de seis em seis meses, sendo uma em outubro e outra abril.

FONTE:
Revista Saúde Eqüina – Número 12 – Mai/Jun/1999
Editora Segmento Ltda

Rua Cunha Gago, 412 1ª – CEP 05421-001 – São Paulo-SP

Tel/fax: (11) 3819-4883 / 3097-9067

Nos acompanhe nas redes sociais