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FEBRE MACULOSA - Conheça os aspectos técnicos

Aspectos epidemiológicos: a Febre Maculosa é uma doença febril aguda, de gravidade variável, causada por bactéria e transmitida por carrapatos infectados.

Agente Etiológico: doença causada por bactéria Rickettisia rickettsii . Bactéria intracelular obrigatória, sobrevivendo brevemente fora do hospedeiro. Os humanos são hospedeiros acidentais, não colaborando com a propagação do organismo.

Vetores e reservatórios: os vetores são carrapatos da espécie Amblyomma cajennense. São conhecidos como "carrapato estrela", "carrapato de cavalo" ou "rodoleiro"(Fig. 1), as larvas por "carrapatinhos" ou "micuins, e as ninfas por "vermelhinhos". São hematófagos obrigatórios, necessitando de repastos em três hospedeiros para completar seu ciclo de vida. O homem é intensamente atacado nas fases de larvas e ninfas.

Aspectos biológicos referentes a seus transmissores:

Ciclo Biológico: as fêmeas após fecundadas e ingurgitadas desprendem-se do hospedeiro, caindo no solo para realizar postura única em torno de 5.000 a 8.000 ovos antes de morrerem. Após período de incubação (30 dias à temperatura de 25ºC) ocorre a eclosão dos ovos e nascimento das ninfas hexápodes (larvas).As ninfas sobem pelas gramíneas e arbustos e aí esperam a passagem dos hospedeiros. Após sugarem sangue do hospedeiro por 3 a 6 dias, desprendem-se deste e no solo ocorre a ecdise (18 a 26 dias), transformando-se no estágio seguinte que é a ninfa octópode. As ninfas fixam-se em um novo hospedeiro e em 6 dias ingurgitam-se de sangue, e no solo sofrem nova ecdise (23 a 25 dias), transformando-se no carrapato adulto.(fig.2). O Amblyomma cajennense completa uma geração por ano, mostrando os três estágios parasitários marcadamente distribuídos ao longo do ano. As ninfas hexápodes ocorrem basicamente entre os meses de março a julho e sobrevivem até 6 meses sem se alimentar. As ninfas octópodes entre os meses de julho a novembro e os adultos entre os meses de novembro a março, sobrevivem até 1 ano e 02 sem se alimentar, respectivamente. Os carrapatos Amblyomma cajennense são responsáveis pela manutenção da R.rickettsii na natureza, pois ocorre transmissão transovariana e transestadial. Esta característica biológica permite ao carrapato permanecer infectado durante toda a sua vida e também por muitas gerações após uma infecção primária.

Hospedeiros: pode ser encontrado em todas as fases em: aves domésticas - galinhas, perus; aves silvestres - seriemas; mamíferos - cavalo, boi, carneiro, cabra, cão, porco, veado, capivara, cachorro do mato, coelho, cotia, coati, tatu, tamanduá; animais de sangue frio - ofídeos. Reservatórios: a infecção se mantém pela passagem transovárica e transestadial nos carrapatos. Diversos roedores e outros animais ajudam a manter o ciclo da doença.

Modo de Transmissão: A transmissão ocorre pela picada de carrapato infectado. Para que a rickettsia se reative e possa ocorrer a infecção no homem, há necessidade que o carrapato fique aderido por algumas horas (de 4 a 6 h.). Pode também ocorrer contaminação através de lesões na pele, pelo esmagamento do carrapato. Susceptibilidade e imunidade: A susceptibilidade é geral. A imunidade provavelmente é duradoura.

Período de incubação: O homem, após receber a picada infectante, leva de 2 a 14 dias (em média 7 dias), para apresentar os primeiros sintomas. Período de transmissibilidade: Não se transmite diretamente de uma pessoa para outra. O carrapato permanece infectante toda sua vida, mais ou menos 18 meses. Sazonalidade - maior incidência da doença durante a primavera e o verão.

Aspectos clínicos laboratoriais: no diagnóstico devem ser considerados:

Aspectos clínicos: doença de começo súbito com febre moderada a alta que dura geralmente de 2 a 3 semanas, acompanhada de cefaléia, calafrios, congestão das conjuntivas. Ao terceiro ou quarto dia pode se apresentar exantema maculopapular, róseo, nas extremidades, em torno do punho e tornozelo, de onde se irradia para o tronco, face, pescoço, palmas e solas. Petéquias e hemorragias são freqüentes . A doença pode também cursar assintomática ou com sintomas frustros. Alguns casos evoluem gravemente, ocorrendo necrose nas áreas de sufusões hemorrágicas, em decorrência de vasculite generalizada. Torpor, agitação psicomotora, sinais meníngeos são freqüentes. A face é congesta e infiltrada, com edema peripalpebral e infecção conjuntival. Edema também está presente nas pernas, que se apresentam brilhantes. Tosse, hipotensão arterial e hipercitose liquórica são achados comuns. Hepatoesplenomegalia pouco acentuada é observada. A letalidade é aproximadamente de 20% na ausência de uma terapia específica. A morte é pouco comum quando se aplica o tratamento precocemente.

Exames laboratoriais:

" Sorológico - visando detectar a presença de anticorpos.

" Cultura - visando o isolamento do agente etiológico.

Tratamento: empregam-se o cloranfenicol ou tetraciclinas. Além dos antimicrobianos, são indispensáveis os cuidados médicos e de enfermagem dirigidos para as possíveis complicações, mormente as renais, cardíacas, pulmonares e neurológicas.

Profilaxia:

" Ter em mente quais são as áreas consideradas endêmicas para a febre maculosa.

" Evitar caminhar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos no meio rural e silvestre.

" Quando for necessário caminhar por áreas infestadas por carrapatos, vistoriar o corpo em busca de carrapatos em intervalos de 3 horas , pois quanto mais rápido for retirado o carrapato, menor serão os riscos de contrair a doença.

" Barreiras físicas : Calças compridas com parte inferior por dentro das botas e fitas adesivas dupla face lacrando a parte superior da bota. Recomenda-se o uso de roupas claras, para facilitar a visualização dos carrapatos.

" Não esmagar os carrapatos com as unhas pois com esmagamento pode haver liberação das rickettsias que têm capacidade de penetrar através de microlesões na pele. Retirá-los com calma através de leve torção, para liberar as peças bucais.

" Rotação de pastagens. n Aparar gramado o mais rente ao solo, facilitando assim a penetração dos raios solares.

" Controle químico nos animais, domésticos através banhos estratégicos de carrapaticidas.

Notas histórico-epidemiológicas: a febre maculosa brasileira é também chamada febre maculosa de São Paulo.

A primeira descrição clínica da febre maculosa foi feita em 1899 em caso ocorrido na região montanhosa do noroeste norte-americano. Nos Estados Unidos a denominação de Febre Maculosa das Montanhas Rochosas. A partir da década de trinta a doença passou a ser identificada focalmente em diversos países como o Canadá, México, Panamá, Colombia e Brasil. No Brasil, foi reconhecida pela primeira vez no Estado de São Paulo no ano de 1929. A partir daí foram diagnosticados casos nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

No Estado de São Paulo, até a década de 80, os casos diagnosticados eram provenientes de municípios vizinhos da capital, tais como Mogi das Cruzes, Diadema e Santo André.

Na segunda metade da década de 80 foram diagnosticados casos de doença no município de Pedreira. A partir de então novos casos foram detectados nos municípios de Jaguariúna e Campinas.

Em 1996 elaborou-se um programa de vigilância da febre maculosa nas regiões de Campinas e de São João da Boa Vista (onde estão situados os municípios acima), com o objetivo de controlar sua transmissão. A doença foi declarada de notificação compulsória nestas regiões.

As medidas de controle mais importantes estão na área de educação em saúde. Como o controle do carrapato não é facilmente exequível, o alerta á população para evitar áreas com carrapato ou retirá-los o mais rápido possível ao ser parasitado passa a ser fundamental. Ao lado disso estar ciente para procurar prontamente um serviço médico caso apresente sintomas, dias após haver sido parasitado, também é imprescindível.

No que diz respeito aos profissionais de saúde, principalmente aos médicos, a suspeita diagnóstica e o tratamento precoce são a única maneira de se evitar óbitos pela doença.

Fonte:www.unimevrio.com.br
 

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