A VAQUEJADA DE AMADOR NA BAHIA.
No início de 1990, quando comecei a praticar Vaquejada o esporte era bem diferente: não existia categoria amadora, podia correr na baiana (cavalo de esteira e de puxada juntos lado a lado fechando a porteira), podia bater no boi para fazer-lo correr ou retornar, na sexta-feira tinha bolão para afiar os cavalos, a corrida começava no sábado e em algumas festas faziam o bolão dos patrões. Os patrões e iniciantes que se arriscassem a correr, tinham que competir com os craques da época. Na grande maioria das vezes entravam só para engordar o prêmio dos vaqueiros profissionais. No período de 1992 a 1994, no Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco criou-se a categoria de amadores com suas respectivas Federações. O vento soprou em direção da Bahia e trouxe notícias deste marco na vaquejada. E por volta de 1996 um sergipano erradicado na Bahia, Vilson Matos Aragão, comprou na mão de Pedro Hugo 30 senhas nas vaquejadas de Itaberaba, Coité e Conceição da Feira, selecionou 30 vaqueiros que Ele considerava amador e tornou-se o pai da vaquejada amador da Bahia. O sucesso foi tamanho que 30 senhas não eram suficientes, então Vilson juntamente com os amigos Aníbal Celestino ( Telinho ), Dimas Campos, Leonardo Barreto ( Dr. Leo ), Tuca Campos e Dr. Marcos de Jacobina reuniram mais pessoas e criaram a Federação Baiana de Vaquejada – FEBAVA.
A FEBAVA tinha uma comissão que julgava os amadores, conforme seu estatuto vigente, e nas vaquejadas da Bahia que aceitassem a sua participação ela cobrava uma taxa de administração para sua manutenção e pagamento da premiação final que era bem atrativa. Conseguiu participar das maiores Vaquejadas da Bahia, aumentando inclusive o número de senhas, pois quem antes ficava assistindo na arquibancada passou a competir. O amadorismo na vaquejada virou febre e fonte de renda certa. O número de senhas dos amadores ultrapassou a dos profissionais e a premiação cresceu. Então os donos de Parque passaram a fazer suas próprias corridas de amadores, com suas próprias seleções e enfraqueceram a FEBAVA e cessaram sua participação no mundo das Vaquejadas. Com a saída da FEBAVA do cenário as grandes corridas passaram a ter um problema, a investida de Vaqueiros Profissionais querendo correr na categoria amador, visando ganhar a premiação que se tornou muito boa. Voltou – se então ao principio, onde o iniciante e o patrão engordavam o prêmio do profissional.
Alguns grupos surgiram lutando pela causa do amadorismo: Clube dos 30, VAFS (Vaqueiros Amadores de Feira de Santana), Circuito da Chapada, Circuito Linha Verde e vaquejadas outras só para amadores. Neste ínterim a Vaquejada baiana cresceu e as festas passaram a começarem na quinta-feira e terminarem na segunda-feira, fato este que começou a incomodar os amadores, pois devidos suas atividades laborais muitas vezes abandonam a disputa sem competir para encararem suas responsabilidades. Por causa deste fato grupos de festa de vaquejada amador cresceram, com início no sábado e termino no domingo pela manhã o que vem agradando em muito os participantes e familiares. Recentemente em março de 2010, por iniciativa de Pedro Hugo, Tiago Ramos e Dr. Jacier Flor foi criada a Associação Baiana de Vaquejada – ABV, que com estatuto pautado na ASQM de Sergipe e ABQM vem revolucionando a vaquejada amador com boa aceitação e crescimento no cenário esportivo. Nasceu para fazer a diferença.
Com esta pequena explanação sobre um pouco da história da vaquejada amador na Bahia, quis aqui homenagear e reverenciar estes lideres, dentre os quais modestamente me incluo, pois mudaram a história da vaquejada baiana. Portanto quando vocês passarem por eles nos retornos das vaquejadas da vida os cumprimentem, pois nós amantes do esporte devemos muitos a eles com suas idéias e coragem para mudar. Obrigados a todos vocês que fizeram e ainda vão fazer da vaquejada um esporte melhor. Não citarei nomes, pois posso cometer alguma injustiça por omissão. “Vocês são diferentes”.