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Maurício Garcia e Luciana Sutti Martins

Encefalomielite eqüinaIntrodução

 

A encefalomielite eqüina é uma doença causada por um vírus, transmitida por um mosquito, e que provoca quadro neurológico em diversas espécies animais, como eqüinos e humanos. Possui três formas distintas, duas das quais ocorrem no Brasil (formas leste e oeste). A forma venezuelana da doença foi descrita apenas em focos isolados.

Etiologia

O agente é um alphavirus (RNA vírus da família togaviridae). Possui várias cepas, com propriedade antigênicas distintas. O agente está envolvido em três formas da doença:

·         Encefalomielite eqüina do leste (EEE, em inglês)

  • Encefalomielite eqüina do oeste (WEE, em inglês)
  • Encefalomielite eqüina venezuelana (VEE, em inglês)
Epidemiologia

·  Fonte de infecção: aves silvestres infectadas.

·  Via de eliminação: sangue.

·  Via de transmissão: indireta, através de vetores - mosquitos (Culex spp, Aedes spp)

·  Porta de entrada: pele, através da picada.

·  Susceptível: principalmente aves. Os humanos e os eqüinos são hospedeiros acidentais (a viremia é baixa nestas espécies, por isso não tem grande importância para a manutenção do agente).

Obs. No caso da Encefalomielite Venezuelana (rara no Brasil), são diferentes os hospedeiros envolvidos. Os eqüinos e roedores silvestres são a fonte de infecção e, além destas espécies, inúmeros vertebrados foram descritos como susceptíveis, tal como humanos, cães, aves e marsupiais.

A doença se manifesta na forma de surtos epizoóticos (= epidêmicos), mas no caso da venezuelana, pode ocorrer a forma enzoótica (= endêmica).

Patogenia

O período de incubação oscila ao redor de uma semana, sendo porém mais curto para a forma venezuelana (VEE). A forma do leste (EEE) costuma ser fatal, mas nas demais formas, a letalidade é baixa e há muitos casos de infecção inaparente, como em outras enfermidades transmitidas por alfavírus. O vírus possui tropismo pelos tecidos nervosos, aonde provoca reação inflamatória viral típica.

Sintomas

Em humanos, os sintomas aparecem de forma súbita, caracterizados por febre, cefaléia, conjuntivite, vômitos, rigidez na nuca e letargia. Em muitos casos, principalmente de WEE e VEE, ocorre a remissão dos sintomas e a recuperação do paciente. Todavia, em outros casos, ocorre uma rápida progressão para alterações nos reflexos, espasticidade muscular e convulsões. O quadro culmina com delírio (confusão mental) e coma.

Nos animais o quadro é semelhante, mas são mais visíveis os sintomas neurológicos, caracterizados por depressão, extremidades separadas, cabeça voltada ao solo e lábios flácidos, andar em círculos, inquietude, falta de coordenação motora, sonolência, bate em obstáculos, perde sentido de orientação, cabeça apoiada em cercas durante a fase letárgica.

Diagnóstico

Diagnóstico direto: isolamento do vírus do cérebro de homens e eqüinos mortos. Para obter melhores resultados, sacrificar animal enfermo.

Diagnóstico indireto: sorologia (aumento de título em amostras seriadas de soro). Técnicas empregadas: hemaglutinação-inibição, fixação do complemento, imunofluorescência indireta e soroneutralização.

Tratamento

Não há tratamento específico. São adotados apenas procedimentos sintomáticos, como controle da febre, alívio da dor e tratamento suporte.

Controle

Um surto epidêmico em eqüinos pode anteceder em 1 ou 2 semanas o surto em humanos, servindo de alerta para saúde pública.

O controle é baseado na proteção dos susceptíveis através de barreiras mecânicas (roupas protetoras, repelentes, mosquiteiros, telas metálicas, etc.).

Em eqüinos pode ser procedida a vacinação através de vacinas bivalentes (leste e oeste), aplicadas em duas doses intervaladas de 7 a 10 dias, com revacinação anual. O esquema de vacinação dos animais deve ser concluído preferencialmente até a primavera, oferecendo assim proteção adequada no verão, período em que ocorre maior proliferação dos mosquitos, principais responsáveis pela transmissão da doença. Os animais a serem introduzidos no rebanho devem passar por um período de observação (quarentena), pois caso estejam incubando o vírus de forma latente, poderão desenvolver o quadro clínico. Todos os animais do rebanho devem ser vacinados simultaneamente.

Fonte: www.mgar.com.br/zoonoses.

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