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Educação Eqüestre

Educação Eqüestre  Educação Eqüestre  Um cavalo que passa por períodos de intensas confusões no começo da sua carreira, com certeza acabará se tornando mais nervoso, medroso, angustiado, inseguro, frustrado ou ressentido Por: Professor Borba*Atualmente, o cavalo não é mais domado no sen-tido lato da palavra. Isso quer dizer que ele não precisa negociar e experimentar novidades, como acontece com um cavalo que participa de um trabalho na pecuária ou de várias modalidades do esporte eqüestre. Ele tem procedimentos automáticos, pois é especializado para executar apenas uma modalidade. Acredito que o período mais importante da vida de um cavalo é a sua iniciação e os dois primeiros anos do programa de treinamento que chamamos de Escola Fundamental. Ocorre que, nem sempre temos na nossa cabeça o verdadeiro significado da base, pois perdemos a consciência do cavalo como um todo e, principalmente, a compreensão de que está muito longe de nós o modo como ele opera a própria vida. A primeira impressão que deixamos no potro, no início de cada nova fase do programa de treinamento é muito significativa. Daí a importância do domador, treinador ou cavaleiro ter como meta primordial do seu programa de treinamento o desenvolvimento do cavalo como um todo: físico, mental e emocional. Só assim, será capaz de evitar confusões, preparando o potro para que possa vir a ser um cavalo maduro e sólido no futuro. Não estou querendo dizer que vamos poder evitar toda e qualquer situação de confusão que traga experiências negativas. Quero, sim, apresentar os primeiros passos de cada nova fase, de maneira que tenha que lidar cada vez menos com situações confusas e todos os seus efeitos negativos que aparecerão mais tarde. No entanto, as modalidades especializadas, assim como Apartação, Rédeas, Vaquejada, Tambor e Baliza, Salto e Adestramento estão crescendo muito por causa das enormes somas de dinheiro em premiações, e estão atraindo proprietários, treinadores, amadores e principiantes. Além disso, existem as pressões vindas dos custos de manutenção e hospedagem. “Não se pode perder muito tempo, é preciso mostrar o mais cedo possível se é capaz de fazer dinheiro.” Certamente, se o Potro do Futuro ou a prova de cavalos novos fosse um ano mais tarde, esses potros teriam muito mais chances de sucesso. Perfeita Integração Homem-Cavalo   Motivação: O cavalo sabe tudo que a gente sabe. Mas também sabe tudo o que a gente não sabe. O interesse dos cavalos está sempre nas suas necessidades imediatas, não planejam nem decidem como as pessoas; na maior parte das vezes, eles apenas reagem. Segurança física, mental e emocional são fatores primordiais na vida dos cavalos. Acredito que para eles, o instinto de auto preservação seja a sua motivação número um. Suas decisões são baseadas apenas em cuidar do presente. Vivem o “aqui e agora” no sentido lato desta expressão. Quando se sentem ameaçados, reagem da maneira que o instinto de auto-preservação lhes ditar. Se o mau tempo lhes castiga, um abrigo se faz necessário, a fome lhes motiva a satisfação das suas necessidades nutricionais básicas. Se por alguma razão acumularam excesso de energia, com certeza vão precisar gastá-la com exercícios. É o que basta para se sentirem felizes. Portanto, podemos dizer que é a pressão que cria a motivação. No entanto, é o alívio que realmente fixa o que queremos ensinar a eles. Porisso, no meu entender, a maior responsabilidade do cavaleiro é não deixar o cavalo perceber a pressão como um ataque. É o equilíbrio (pressão e alívio) que vai determinar a atitude e as respostas do cavalo. Para que a pressão seja eficiente é preciso que a ênfase esteja no alívio, mas o alívio só vai ser eficiente se a pressão tiver significado para o cavalo.     Quando um cavalo escapa para encontrar o alívio, é muito diferente de quando ele recebe uma pressão e procura pelo alívio. “Sensibilidade e timing” apurados são absolutamente imprescindíveis para que “pressão e alívio” tenham significado. Um cavalo que experimenta mais pressão do que alívio vai brigar e criar resistência, mostrando aquilo que não conseguir tolerar, porém, vai tolerar tudo aquilo que não conseguir evitar.

Para que o cavalo possa não confundir a pressão com um ataque, é preciso proporcionar uma situação onde ele se surpreenda, percebendo que foi ele mesmo quem criou aquele desconforto. O cavaleiro que consegue engendrar esse tipo de situação, isto é, fazer com que o cavalo se perceba dentro de um desconforto, o qual ele mesmo criou, está falando a linguagem própria do cavalo.

Fazendo um paralelo com as experiências que ele vive no seu mundo, o resultado é que o cavalo passa a respeitar o cavaleiro e a responder a ele de uma maneira muito diferente. Essa é a diferença entre escapar para conseguir o alívio e de procurar pelo alívio. Qual é o seu trabalho. Precisa existir uma intenção, um significado acompanhando cada coisa que pedimos ao nosso cavalo. Para um potro que já aprendeu a nos carregar e já tem um pouco de controle, ficar no redondel ou na pista é, no mínimo, frustrante. Em muito pouco tempo, tudo é conhecido e já não existe mais nenhum motivo para que ele se movimente, a não ser o seu cavaleiro querendo ser obedecido. Quando um cavalo compreende que existe “um porquê” acompanhando tudo que lhe pedimos, ele se percebe útil, fazendo parte de uma atividade e, dessa maneira, tudo fica mais fácil e simples. Quando estamos num lugar aberto, a curiosidade do potro fica muito mais aguçada. Portanto, não é difícil oferecermos uma direção que ele possa se interessar e queira ir. Verificar cercas e bebedouros, levar sal para o pasto são atividades que dão ao cavalo o sentido de estar sendo útil, parceiro. Dessa maneira fica fácil para o cavaleiro estimulá-lo a ir de um lugar para outro. O cavalo não vai conseguir desenvolver a confiança no seu cavaleiro antes de estar confiante a respeito de si mesmo e do meio ambiente. É isso que mais tarde vai possibilitar que eu e o meu parceiro possamos ficar juntos. Sair do redondel e da pista levando o cavalo a negociar obstáculos naturais, assim como morros, barrancos, valetas, brejos e córregos também cria no potro um outro tipo de atenção, mostrando-lhe a vida real. Acordar o instinto da “preservação” e criar situações em que possa ajudá-lo a transformar medo em coragem, insegurança em segurança, frustração em satisfação, etc.... Dessa maneira estou criando uma oportunidade, onde ele possa me procurar por segurança. Quero que ele acredite e confie que estou ali para dar apoio e ajudar. Essa é uma das melhores oportunidades para construir uma relação honesta e, dessa maneira, ensiná-lo a não me confundir com aquilo que causa a insegurança, medo, angústia ou frustração. Repetindo, o foco precisa estar no desenvolvimento do cavalo como um todo: físico, mental e emocional.
É muito mais fácil ensinar um cavalo a enfiar as patas por baixo da massa quando estou descendo um barranco ou algum declive do que motivá-lo a executar essa manobra na pista. E com certeza ele vai levar essa experiência para a pista quando estiver aprendendo a parar e a recuar. Repetindo: sensibilidade, timing e equilíbrio são fundamentais para que possamos ajudá-lo a compreender que quando estamos juntos temos uma tarefa a cumprir. Buscar as vacas de leite e apartar os bezerros são atividades extremamente produtivas; ele quer seguir aquela vaca (instinto de manada), isso dá a ele um sentido real para estar ali. Em todos esses exemplos existe um propósito: temos um serviço a ser feito. Uma sessão dessas equivale a dez sessões na arena ou pista, galopando círculos ou diagonais.
  Quando o cavalo galopa para a direita, ele movimenta as patas de uma maneira diferente daquela que usa para galopar para a esquerda. Popularmente chamamos essa movimentação de galopar na mão. Quando um cavalo galopa para a esquerda usando as patas como se estivesse para a direita, dizemos que ele está na mão errada. No entanto, muitos treinadores usam essa movimentação - chamada na Equitação Clássica de Galope Falso - como um exercício para ajudar o cavalo a equilibrar o lado direito com o esquerdo. Galopar na mão é uma movimentação que tem um grau de dificuldade grande, principalmente para os principiantes e amadores. A pergunta é a seguinte: Se você não sabe de nada disso, sai galopando e, por acaso, seu cavalo sai na mão esquerda e, quando chega no fim da pista você faz uma curva para a direita, o que acontece? A maioria das respostas está relacionada com a biomecânica, assim como: Ele se desequilibra e volta a trote. Alguns se arriscam a dizer que o desequilíbrio pode até fazer com que o cavalo caia, enquanto outros opinam, dizendo que ele trança as pernas. Porém, ninguém responde do ponto de vista do cavalo. O mais importante aqui é que ele sabe que o cavaleiro não sabe. Depois que as pessoas se dão conta disso, partir na mão certa continua um problema, pois elas precisam se inclinar para frente e olhar para baixo para se certificar em que mão o cavalo está partindo. Não sabem que dessa maneira estão sobrecarregando o anterior, criando um obstáculo que o cavalo precisa transpor. Nos cursos de Iniciação de Potros, quando vamos galopar pela primeira vez e o cavaleiro coloca o peso para frente, muitos potros se sentem mal e corcoveiam, derrubando o cavaleiro, que nessa posição está com o seu equilíbrio comprometido. Quando um cavalo faz uma curva para a direita, por exemplo, ele contrai o lado de dentro (direito) e alonga o lado de fora (esquerdo) para compensar o centro de gravidade. Essa é a razão que me faz concordar com a teoria de que se colocarmos mais peso num dos estribos, ele contrai o lado oposto do peso e, conseqüentemente, alonga aquele que recebeu mais peso para resgatar o seu equilíbrio. Esse é também o motivo pelo qual, ao ensinar o meu cavalo a arquear o seu corpo para fazer uma curva, transfiro o meu peso para o estribo de fora, mudando o seu centro de gravidade, facilitando assim a sua compreensão daquilo que estou querendo. Quando vou ensiná-lo a recuar, gosto de aliviar o meu assento, ajudando-o a arquear a coluna verticalmente. Da mesma maneira nas paradas, quero poder ajudá-lo, sentando mais profundamente, girando o meu quadril para trás, levantando o púbis. Compensar o peso vai auxiliá-lo a manter o seu equilíbrio (centro de gravidade), encorajando a manobra ou propiciando que o movimento aconteça. Relembrando: Só o desenvolvimento e o refinamento da “sensibilidade, timing e equilíbrio” (feel, timing and balance) podem ajudar o cavaleiro a perceber como o seu corpo e a sua postura influenciam no comportamento do seu cavalo. Quanto mais desenvolvemos esse trinômio, mais o cavalo entende que sabemos a respeito das suas necessidades internas. Apenas dessa forma vamos conseguir desenvolver o que chamamos de parceria.
O peso do cavaleiro para o lado de fora ajuda o cavalo compreender o que é esperado dele
“O cavalo sabe tudo que a gente sabe, mas ele também sabe tudo que a gente não sabe”. Um cavalo bem domado precisa:1- Saber o significado de ficar parado (estacionado). Isso facilita e aumenta a segurança do cavaleiro quando no chão, assim como para montá-lo e desmontá-lo; 2- Saber empurrar-se para frente usando a garupa; 3- Saber se puxar usando a garupa para parar e recuar. Porque só assim as paradas e o recuo poderão ser executados com leveza e suavidade, sem apresentar resistências; 4- Saber desengajar a garupa, isto é, aprender a neutralizar o movimento - nem para frente, nem para trás; 5- Saber apontar o focinho para a esquerda e fazer seu corpo segui-lo, arqueado e equilibrado, onde o posterior de dentro faça uma linha reta com o anterior de fora; 6-Deve ser capaz de fazer o mesmo para a direita, para que possa desenvolver o mesmo equilíbrio dos dois lados; 7- Saber fazer transições crescentes usando a garupa para se empurrar e decrescentes usando a garupa para se puxar. Dessa maneira, ele minimiza a possibilidade de perder o equilíbrio. Durante as transições, leveza e suavidade são fundamentais para que ele possa manter uma boa posição de cabeça; 8- Saber mudar de direção a galope com a mesma tranqüilidade, leveza e suavidade que o faz a passo e a trote; 9- Saber trabalhar com o seu corpo flexível, não apresentando resistência em nenhuma parte do corpo; e 10- Saber trabalhar alinhado, isto é, cabeça, pescoço, paleta e garupa devem estar na mesma direção.   Cursos & Clínicas Para que o trato com os animais possa melhorar é preciso influenciar a maneira de pensar das pessoas envolvidas com eles. Não é que as pessoas façam coisas erradas com os cavalos, elas as fazem da maneira errada, por pura falta de conhecimento. Quando um cavalo compreende o que precisa fazer com a sua caixa das costelas, pernas, patas, cabeça, e a mente, tudo fica macio e suave. Fomos nós que invadimos a sua vida, não foi ele que chegou até nós e disse: “Vamos fazer alguma coisa juntos, acho que vai ser legal! Vamos lá!!!! Não, não foi assim. De alguma maneira, em algum lugar, nós invadimos a sua vida e o trouxemos para o nosso convívio. E agora temos a enorme responsabilidade de ensinar alguma coisa a ele, acreditemos ou não. Além disso, escolarizá-lo é a única forma de não sermos cruel com ele. Na verdade, é a maneira como iniciamos cada fase do Programa desse Potro é que vai determinar o seu sucesso ou o seu fracasso durante a sua vida útil. É evidente que um cavalo de qualquer modalidade - lazer, trabalho e principalmente esporte - que tiver uma base sólida, estará muito mais preparado para fazer sucesso naquilo que vai ser o seu trabalho no futuro. Lidamos com cavalos e gado como se estivéssemos no Japão. Comemos, bebemos, nos divertimos etc..., mas numa rodinha de japoneses, quanto por cento entendemos da conversação? * Professor Borba é o criador do Projeto Doma - “Perfeita Integração Homem-Cavalo”. Informações: (19) 3491.6682 www.doma.com.br ou [email protected]

FONTE: www.abqm.com.br - seção técnica – acessada dia 09 de dezembro de 2008 às 06:30.

 Um cavalo que passa por períodos de intensas confusões no começo da sua carreira, com certeza acabará se tornando mais nervoso, medroso, angustiado, inseguro, frustrado ou ressentido Por: Professor Borba*Atualmente, o cavalo não é mais domado no sen-tido lato da palavra. Isso quer dizer que ele não precisa negociar e experimentar novidades, como acontece com um cavalo que participa de um trabalho na pecuária ou de várias modalidades do esporte eqüestre. Ele tem procedimentos automáticos, pois é especializado para executar apenas uma modalidade. Acredito que o período mais importante da vida de um cavalo é a sua iniciação e os dois primeiros anos do programa de treinamento que chamamos de Escola Fundamental. Ocorre que, nem sempre temos na nossa cabeça o verdadeiro significado da base, pois perdemos a consciência do cavalo como um todo e, principalmente, a compreensão de que está muito longe de nós o modo como ele opera a própria vida. A primeira impressão que deixamos no potro, no início de cada nova fase do programa de treinamento é muito significativa. Daí a importância do domador, treinador ou cavaleiro ter como meta primordial do seu programa de treinamento o desenvolvimento do cavalo como um todo: físico, mental e emocional. Só assim, será capaz de evitar confusões, preparando o potro para que possa vir a ser um cavalo maduro e sólido no futuro. Não estou querendo dizer que vamos poder evitar toda e qualquer situação de confusão que traga experiências negativas. Quero, sim, apresentar os primeiros passos de cada nova fase, de maneira que tenha que lidar cada vez menos com situações confusas e todos os seus efeitos negativos que aparecerão mais tarde. No entanto, as modalidades especializadas, assim como Apartação, Rédeas, Vaquejada, Tambor e Baliza, Salto e Adestramento estão crescendo muito por causa das enormes somas de dinheiro em premiações, e estão atraindo proprietários, treinadores, amadores e principiantes. Além disso, existem as pressões vindas dos custos de manutenção e hospedagem. “Não se pode perder muito tempo, é preciso mostrar o mais cedo possível se é capaz de fazer dinheiro.” Certamente, se o Potro do Futuro ou a prova de cavalos novos fosse um ano mais tarde, esses potros teriam muito mais chances de sucesso. Perfeita Integração Homem-Cavalo   Motivação: O cavalo sabe tudo que a gente sabe. Mas também sabe tudo o que a gente não sabe. O interesse dos cavalos está sempre nas suas necessidades imediatas, não planejam nem decidem como as pessoas; na maior parte das vezes, eles apenas reagem. Segurança física, mental e emocional são fatores primordiais na vida dos cavalos. Acredito que para eles, o instinto de auto preservação seja a sua motivação número um. Suas decisões são baseadas apenas em cuidar do presente. Vivem o “aqui e agora” no sentido lato desta expressão. Quando se sentem ameaçados, reagem da maneira que o instinto de auto-preservação lhes ditar. Se o mau tempo lhes castiga, um abrigo se faz necessário, a fome lhes motiva a satisfação das suas necessidades nutricionais básicas. Se por alguma razão acumularam excesso de energia, com certeza vão precisar gastá-la com exercícios. É o que basta para se sentirem felizes. Portanto, podemos dizer que é a pressão que cria a motivação. No entanto, é o alívio que realmente fixa o que queremos ensinar a eles. Porisso, no meu entender, a maior responsabilidade do cavaleiro é não deixar o cavalo perceber a pressão como um ataque. É o equilíbrio (pressão e alívio) que vai determinar a atitude e as respostas do cavalo. Para que a pressão seja eficiente é preciso que a ênfase esteja no alívio, mas o alívio só vai ser eficiente se a pressão tiver significado para o cavalo.     Quando um cavalo escapa para encontrar o alívio, é muito diferente de quando ele recebe uma pressão e procura pelo alívio. “Sensibilidade e timing” apurados são absolutamente imprescindíveis para que “pressão e alívio” tenham significado. Um cavalo que experimenta mais pressão do que alívio vai brigar e criar resistência, mostrando aquilo que não conseguir tolerar, porém, vai tolerar tudo aquilo que não conseguir evitar.
Para que o cavalo possa não confundir a pressão com um ataque, é preciso proporcionar uma situação onde ele se surpreenda, percebendo que foi ele mesmo quem criou aquele desconforto. O cavaleiro que consegue engendrar esse tipo de situação, isto é, fazer com que o cavalo se perceba dentro de um desconforto, o qual ele mesmo criou, está falando a linguagem própria do cavalo. Fazendo um paralelo com as experiências que ele vive no seu mundo, o resultado é que o cavalo passa a respeitar o cavaleiro e a responder a ele de uma maneira muito diferente. Essa é a diferença entre escapar para conseguir o alívio e de procurar pelo alívio. Qual é o seu trabalho. Precisa existir uma intenção, um significado acompanhando cada coisa que pedimos ao nosso cavalo. Para um potro que já aprendeu a nos carregar e já tem um pouco de controle, ficar no redondel ou na pista é, no mínimo, frustrante. Em muito pouco tempo, tudo é conhecido e já não existe mais nenhum motivo para que ele se movimente, a não ser o seu cavaleiro querendo ser obedecido. Quando um cavalo compreende que existe “um porquê” acompanhando tudo que lhe pedimos, ele se percebe útil, fazendo parte de uma atividade e, dessa maneira, tudo fica mais fácil e simples. Quando estamos num lugar aberto, a curiosidade do potro fica muito mais aguçada. Portanto, não é difícil oferecermos uma direção que ele possa se interessar e queira ir. Verificar cercas e bebedouros, levar sal para o pasto são atividades que dão ao cavalo o sentido de estar sendo útil, parceiro. Dessa maneira fica fácil para o cavaleiro estimulá-lo a ir de um lugar para outro. O cavalo não vai conseguir desenvolver a confiança no seu cavaleiro antes de estar confiante a respeito de si mesmo e do meio ambiente. É isso que mais tarde vai possibilitar que eu e o meu parceiro possamos ficar juntos. Sair do redondel e da pista levando o cavalo a negociar obstáculos naturais, assim como morros, barrancos, valetas, brejos e córregos também cria no potro um outro tipo de atenção, mostrando-lhe a vida real. Acordar o instinto da “preservação” e criar situações em que possa ajudá-lo a transformar medo em coragem, insegurança em segurança, frustração em satisfação, etc.... Dessa maneira estou criando uma oportunidade, onde ele possa me procurar por segurança. Quero que ele acredite e confie que estou ali para dar apoio e ajudar. Essa é uma das melhores oportunidades para construir uma relação honesta e, dessa maneira, ensiná-lo a não me confundir com aquilo que causa a insegurança, medo, angústia ou frustração. Repetindo, o foco precisa estar no desenvolvimento do cavalo como um todo: físico, mental e emocional.
É muito mais fácil ensinar um cavalo a enfiar as patas por baixo da massa quando estou descendo um barranco ou algum declive do que motivá-lo a executar essa manobra na pista. E com certeza ele vai levar essa experiência para a pista quando estiver aprendendo a parar e a recuar. Repetindo: sensibilidade, timing e equilíbrio são fundamentais para que possamos ajudá-lo a compreender que quando estamos juntos temos uma tarefa a cumprir. Buscar as vacas de leite e apartar os bezerros são atividades extremamente produtivas; ele quer seguir aquela vaca (instinto de manada), isso dá a ele um sentido real para estar ali. Em todos esses exemplos existe um propósito: temos um serviço a ser feito. Uma sessão dessas equivale a dez sessões na arena ou pista, galopando círculos ou diagonais.
  Quando o cavalo galopa para a direita, ele movimenta as patas de uma maneira diferente daquela que usa para galopar para a esquerda. Popularmente chamamos essa movimentação de galopar na mão. Quando um cavalo galopa para a esquerda usando as patas como se estivesse para a direita, dizemos que ele está na mão errada. No entanto, muitos treinadores usam essa movimentação - chamada na Equitação Clássica de Galope Falso - como um exercício para ajudar o cavalo a equilibrar o lado direito com o esquerdo. Galopar na mão é uma movimentação que tem um grau de dificuldade grande, principalmente para os principiantes e amadores. A pergunta é a seguinte: Se você não sabe de nada disso, sai galopando e, por acaso, seu cavalo sai na mão esquerda e, quando chega no fim da pista você faz uma curva para a direita, o que acontece? A maioria das respostas está relacionada com a biomecânica, assim como: Ele se desequilibra e volta a trote. Alguns se arriscam a dizer que o desequilíbrio pode até fazer com que o cavalo caia, enquanto outros opinam, dizendo que ele trança as pernas. Porém, ninguém responde do ponto de vista do cavalo. O mais importante aqui é que ele sabe que o cavaleiro não sabe. Depois que as pessoas se dão conta disso, partir na mão certa continua um problema, pois elas precisam se inclinar para frente e olhar para baixo para se certificar em que mão o cavalo está partindo. Não sabem que dessa maneira estão sobrecarregando o anterior, criando um obstáculo que o cavalo precisa transpor. Nos cursos de Iniciação de Potros, quando vamos galopar pela primeira vez e o cavaleiro coloca o peso para frente, muitos potros se sentem mal e corcoveiam, derrubando o cavaleiro, que nessa posição está com o seu equilíbrio comprometido. Quando um cavalo faz uma curva para a direita, por exemplo, ele contrai o lado de dentro (direito) e alonga o lado de fora (esquerdo) para compensar o centro de gravidade. Essa é a razão que me faz concordar com a teoria de que se colocarmos mais peso num dos estribos, ele contrai o lado oposto do peso e, conseqüentemente, alonga aquele que recebeu mais peso para resgatar o seu equilíbrio. Esse é também o motivo pelo qual, ao ensinar o meu cavalo a arquear o seu corpo para fazer uma curva, transfiro o meu peso para o estribo de fora, mudando o seu centro de gravidade, facilitando assim a sua compreensão daquilo que estou querendo. Quando vou ensiná-lo a recuar, gosto de aliviar o meu assento, ajudando-o a arquear a coluna verticalmente. Da mesma maneira nas paradas, quero poder ajudá-lo, sentando mais profundamente, girando o meu quadril para trás, levantando o púbis. Compensar o peso vai auxiliá-lo a manter o seu equilíbrio (centro de gravidade), encorajando a manobra ou propiciando que o movimento aconteça. Relembrando: Só o desenvolvimento e o refinamento da “sensibilidade, timing e equilíbrio” (feel, timing and balance) podem ajudar o cavaleiro a perceber como o seu corpo e a sua postura influenciam no comportamento do seu cavalo. Quanto mais desenvolvemos esse trinômio, mais o cavalo entende que sabemos a respeito das suas necessidades internas. Apenas dessa forma vamos conseguir desenvolver o que chamamos de parceria.
O peso do cavaleiro para o lado de fora ajuda o cavalo compreender o que é esperado dele
“O cavalo sabe tudo que a gente sabe, mas ele também sabe tudo que a gente não sabe”. Um cavalo bem domado precisa:1- Saber o significado de ficar parado (estacionado). Isso facilita e aumenta a segurança do cavaleiro quando no chão, assim como para montá-lo e desmontá-lo; 2- Saber empurrar-se para frente usando a garupa; 3- Saber se puxar usando a garupa para parar e recuar. Porque só assim as paradas e o recuo poderão ser executados com leveza e suavidade, sem apresentar resistências; 4- Saber desengajar a garupa, isto é, aprender a neutralizar o movimento - nem para frente, nem para trás; 5- Saber apontar o focinho para a esquerda e fazer seu corpo segui-lo, arqueado e equilibrado, onde o posterior de dentro faça uma linha reta com o anterior de fora; 6-Deve ser capaz de fazer o mesmo para a direita, para que possa desenvolver o mesmo equilíbrio dos dois lados; 7- Saber fazer transições crescentes usando a garupa para se empurrar e decrescentes usando a garupa para se puxar. Dessa maneira, ele minimiza a possibilidade de perder o equilíbrio. Durante as transições, leveza e suavidade são fundamentais para que ele possa manter uma boa posição de cabeça; 8- Saber mudar de direção a galope com a mesma tranqüilidade, leveza e suavidade que o faz a passo e a trote; 9- Saber trabalhar com o seu corpo flexível, não apresentando resistência em nenhuma parte do corpo; e 10- Saber trabalhar alinhado, isto é, cabeça, pescoço, paleta e garupa devem estar na mesma direção.   Cursos & Clínicas Para que o trato com os animais possa melhorar é preciso influenciar a maneira de pensar das pessoas envolvidas com eles. Não é que as pessoas façam coisas erradas com os cavalos, elas as fazem da maneira errada, por pura falta de conhecimento. Quando um cavalo compreende o que precisa fazer com a sua caixa das costelas, pernas, patas, cabeça, e a mente, tudo fica macio e suave. Fomos nós que invadimos a sua vida, não foi ele que chegou até nós e disse: “Vamos fazer alguma coisa juntos, acho que vai ser legal! Vamos lá!!!! Não, não foi assim. De alguma maneira, em algum lugar, nós invadimos a sua vida e o trouxemos para o nosso convívio. E agora temos a enorme responsabilidade de ensinar alguma coisa a ele, acreditemos ou não. Além disso, escolarizá-lo é a única forma de não sermos cruel com ele. Na verdade, é a maneira como iniciamos cada fase do Programa desse Potro é que vai determinar o seu sucesso ou o seu fracasso durante a sua vida útil. É evidente que um cavalo de qualquer modalidade - lazer, trabalho e principalmente esporte - que tiver uma base sólida, estará muito mais preparado para fazer sucesso naquilo que vai ser o seu trabalho no futuro. Lidamos com cavalos e gado como se estivéssemos no Japão. Comemos, bebemos, nos divertimos etc..., mas numa rodinha de japoneses, quanto por cento entendemos da conversação? * Professor Borba é o criador do Projeto Doma - “Perfeita Integração Homem-Cavalo”. Informações: (19) 3491.6682 www.doma.com.br ou [email protected]

FONTE: www.abqm.com.br - seção técnica – acessada dia 09 de dezembro de 2008 às 06:30.

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